domingo, 9 de agosto de 2009

Deus em Pessoa

"Às vezes sou o Deus que trago em mim
E então eu sou o Deus e o crente e a prece
E a imagem de marfim
Em que esse deus se esquece."

Fernando Pessoa

No poema acima:

O "Deus que trago em mim" é Kether, a Coroa.
"O crente" é Tiphereth, o Filho.
"A prece" é o silêncio do trigésimo-terceiro Caminho.
"A imagem de marfim" é Yesod.
O esquecimento é Malkhuth, o sono do mundo.

Mas quem liga?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Carnivàle e os Arquétipos do Tarot

Em minhas andanças na Internet achei a abertura (abaixo) do extinto seriado Carnivàle, produzido pela HBO nos anos de 2003 e 2005. Eu, que sou o orgulhoso possuidor do Box do primeiro ano da série, não pude deixar de reproduzi-la aqui neste post.

Nesta belíssima seqüência de abertura, os Arquétipos do Tarot aparecem como pano de fundo dos acontecimentos históricos do período da série – anos 30, logo após o crash da Bolsa de 1929 e no auge da Grande Depressão. O contexto sócio-econômico do mundo da época também se encontra aqui bem representado: longas filas de desempregados, movimentos políticos hostis a minorias (aqui representados pela Klu Klux Klan e pelo facismo), líderes carismáticos (como Stalin e Mussolini). Dois momentos marcantes para mim são: a criancinha vestida com o uniforme do Klan e o casal de dançarinos.

Os Arcanos do Tarot representam aqui as forças que moldam o destino das massas sem o seu conhecimento. O término da abertura mostra a seqüência de cartas: O Julgamento (Arcano XX), A Lua (Arcano XVIII) e O Sol (Arcano XIX), representando, no espírito da série, a decisão – ou Julgamento – que deve ser tomado pelos personagens principais – e que representam as decisões da raça humana como um todo – entre o caminho da Magia e da Intuição – o Caminho da Lua – e o Caminho da Ciência e da Razão – o Caminho do Sol. Isto se encontra perfeitamente exposto na introdução ao primeiro episódio, narrada pelo anão Samson:

"Antes do início, depois da grande guerra entre o Céu e o Inferno, Deus criou a Terra e a entregou ao engenhoso macaco chamado homem. E a cada geração nascia uma criatura de luz e uma criatura de trevas. E grandes exércitos se enfrentavam noite afora na antiga guerra entre o bem e o mal. Era um tempo de magia. Nobreza. E inimaginável crueldade. E foi assim até o dia em que um falso sol explodiu sobre a Trindade (Trinity), e o homem trocou para sempre a maravilha pela razão.

O “falso sol” é uma alusão à explosão-teste da Bomba Atômica em Trinity em 1945. Este é mais um indicativo de que a série, originalmente, deveria cobrir um período maior de tempo – pelo menos de 1934 a 1945 – sendo que o cancelamento prematuro (por falta de audiência) limitou o arco de histórias.

*** ATENÇÃO: Spoliers adiante !!!!!!!!!!!!!!! ***

A "mitologia" da série gira em torno da trajetória do jovem Ben Hawkins que se une a um circo intinerante (o Carnivàle do título) - a princípio como um simples faz-tudo. Logo no primeiro episódio descobrimos que este possui o dom de curar. Isto, no entanto não acontece sem um preço: para cada quantidade de "vida" devolvida a uma pessoa, uma quantidade igual de "vida" é roubada dos que estão à sua volta - de forma a manter o equilíbrio no Cosmo. No decorrer da série fica bem claro que o dom dar "vida" é também o dom de tirar a "vida" - ou seja, de matar - sendo meramente dois lados de uma mesma moeda. Isto por si só já é muito interessante e mexe com a cabeça da gente. A série acompanha também a vida do Pastor Justin Crow que possui também o seu quinhão de dons incomuns. Ficamos sabendo, no decorrer dos episódios, que um deles é a encarnação da "luz" e o outro a encarnação das "trevas", embora no início não fique muito claro qual é qual. Não vou dizer aqui para não estragar a surpresa. Junte isso com uma trama que envolve anões e mulheres barbadas, cavaleiros templários e muita, muita, muita referência religiosa e o resultado é diversão de alto nível.

Meu episódio favorito da Primeira Temporada: Babylon (5o epiódio)
Conexão com o Tarot: Arcano XI

Meu episódio favorito da Segunda Temporada: New Canaan (series finale)
Conexão com o Tarot: Arcano II



Post-scriptum: Uma coisa que eu particularmente adoro nesta série é a magnífica reconstituição de época: outro espetáculo a parte. Todo lugar é quente. Todo lugar é sujo. A poeira é quase um personagem fixo da série. Tudo perpassa um ar do mais absoluto desespero.

sábado, 1 de agosto de 2009

"Porque existem Três Magos no Tarot de Thoth?"

Chegou-me por e-mail esta dúvida - relacionada à postagem anterior - e achei interessante responder no Blog, pois é uma dúvida muito comum entre os iniciantes no estudo do Tarot.e da Tradição Para resumir em uma única linha: só existe um - e apenas um - Mago no Tarot de Thoth, os outros dois são versões de "rascunho" - tentativas anteriores de finalização deste Arcano que não foram aprovadas pelo idealizador deste baralho.

Para entender melhor como isto aconteceu, temos que falar um pouquinho da história de como foi elaborado o Tarot de Thoth. Este Tarot foi o resultado de um trabalho conjunto de Aleister Crowley (1875-1947), conhecidíssimo Ocultista, Poeta e Mago inglês, e Frieda Harris (1877-1962), artista plástica e discípula de Crowley, também inglesa. Funcionava mais ou menos assim: Crowley ditava o simbolismo que deveria ter na carta e Frieda Harris ia tentando reproduzir em uma pintura os conceitos que Crowey ia lhe passando de uma forma coerente e esteticamente agradável. Dois dos Três Magos são tentativas que não “deram certo” e a prova disto se encontra neles mesmos: é só olhar de perto, como faremos aqui.

Tentativa Número 1: O Mago


A primeira tentativa de representação deste Arcano (acima reproduzida) ainda é chamada de “O Mago”. Posteriormente Crowley iria mudar o Título deste Arcano para “O Magus”, como aparece nas duas subsequentes. O Título de "Magus" representa, em seu aspecto mais simples, um grau iniciático da "Ordem Hermética da Aurora Dourada" - Hermetic Order of the Golden Dawn - sociedade filosófica que floresceu nas últimas décadas dos século 19 e princípios do século 20 - e da qual Crowley fez parte. O grau de Magus representa o segundo grau mais alto que pode ser atingido no Sistema Mágico e Iniciático da Aurora Dourada, sendo reservado para seres do porte de Jesus, Hermes, Buda, etc. - o quê tem tudo a ver com o simbolismo deste Arcano.

Neste "rascunho" do que viria a ser a versão definitiva, percebemos claramente que o Personagem central tem os seus braços e pernas articulados em forma de Suástica. Simbolicamente, a Suástica corresponde, à letra hebraica Aleph, a primeira letra do alfabeto hebraico. Isto é estranho, porquê o Mago corresponde à letra Aleph na Escola Francesa de Magia (Eliphas Levi, Papus, G. O. Mebes, etc.) . Na Escola Inglesa de Magia (representada na época pela Ordem Hermética da Aurora Dourada), o Mago corresponde à letra Beth. Para que conhece a tradição por trás do Tarot, fica claro que existe aqui um conflito entre as duas Escolas. A explicação disso muito possivelmente se encontra na própria trajetória biográfica de Aleister Crowley, que teve a oportunidade de participar tanto de uma como de outra Escola.

Tentativa Número 2: O Magus ou “O Mago Negro”


Esta segunda tentativa já possui o Título alterado para “O Magus”, o que pode ser interpretado por uma tendência de Crowley a adotar a Escola Inglesa como referência principal no seu Tarot. Se observarmos na borda inferior da lâmina, veremos que as correspondências de Planeta e letra hebraica já estão “invertidas” em relação à tentativa anterior. Ou seja: o Planeta do lado esquerdo de que olha e a letra hebraica do lado direito. Se reparamos bem, veremos que na tentativa anterior, o Planeta estava do lado direito e a letra do lado esquerdo. A disposição que vemos aqui nesta lâmina é a que vai ser seguida em todos os demais Arcanos Maiores - e por isso também sabemos que ela está mais "perto" da versão final que a tentiva número 1.

Também é fácil perceber que o personagem em questão não possui os braços. Sabemos que a perda do(s) membro(s) é um Símbolo de castração, o que parece ser confirmado pelo fato de a genitália do personagem estar ocultada pelo Caduceu alado (um emblema de Mercúrio) que aqui atua tanto como tapa-sexo quanto como substituto ao phallus ausente. Ora, a palavra hebraica “Aleph” significa “boi”, isto é, um touro castrado. Percebemos portanto que persiste aqui, ainda, um certo conflito – embora mais sutilizado, mais simbólico – entre as duas Escolas de Simbolismo, Francesa e Inglesa, mas já com grande predominância desta última.

Uma curiosidade: esta lâmina também é conhecida como “O Mago Negro” devido à sombra que pode ser vista por detrás do personagem. Algumas pessoas, por este motivo, retiram esta lãmina do Tarot antes de deitar as cartas, por acharem que dá "má sorte".

Versão Final: O Magus


Esta é a versão final - "definitiva" - do Arcano. Podemos perceber sem dificuldade que o grau de acabamento é nitidamente superior em relação às duas outras lâminas. O phallus se encontra presente por detrás do personagem - é o pilar, o eixo, o centro ao redor do qual giram os 9 objetos que podem ser vistos na figura, da mesma forma que o Sol é o centro ao redor do qual orbitam os nove planetas do nosso sistema (estou incluindo Plutão aqui , a despeito da polêmica). As outras cartas foram introduzidos pela companhia que produz a versão “Suíça” do Tarot de Thoth (A. G. Mueller), aparentemente apenas como um “brinde”, sem nenhum outro propósito. Nos anos que se seguiram não faltou, a bem da verdade, quem lhes atribuísse os mais diversos significados de cunho pretensamente "esotérico" e mesmo quem defendesse a sua utilização - ou exclusão - no processo divinatório. Podemos dar até mesmo aqui uma sugestão nossa neste sentido.

Se a tentativa número 2 é “O Mago Negro”, a tentativa número 1 poderá ser entendida como “O Mago Branco”, e a versão final como o equilíbrio final entre os opostos representados pelo outros dois Magos. De um ponto de vista histórico, isto pode ser entendido como o “casamento” das duas Escolas de Magia neste Tarot, ou ainda, de um ponto de vista simbólico, da integração das polaridades, luz e sombra, masculino e feminino, alto e baixo, em um único “filho” simbólico. Voltaremos a falar nisto em uma outra oportunidade. Por ora, indenpendentemente do que acreditamos serem os Magos “extras” do Tarot de Thoth, só nos resta admirar este belíssimo Tarot e toda a Filosofia que ele contém.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Arcano da Semana: O Mago

Esta é uma sugestão de postagem que poderia figurar periodicamente neste blog: comentários sobre o simbolismo de arquétipos bem conhecidos da tradição ocidental. Escolhi "O Mago" para começar em parte porquê é, dentre todos os Arcanos do Tarot um dos mais mal-compreendidos e, em parte também porquê os recentes eventos envolvendo a gripe suína tem muito a ver com o que é representado neste arcano. A continuidade ou não deste gênero de postagem dependerá, em grande parte, do retorno recebido pelos leitores. Escolhi como temática inicial as versões de Marselha e Waite porquê estas se constituem nos pilares sobre os quais muito do desenvolvimento posterior do personagem foi construído.

***

O Mago corresponde à letra hebraica Beth, que significa "casa", ao Planeta Mercúrio e ao número um em romanos (I).

Esta Lâmina está simbolicamente relacionada ao Deus romano Mercúrio - que é o mesmo Hermes dos gregos e o Thoth dos egípcios - e que tem na ambigüidade a sua característica mais distintiva. Deus dos comerciantes e, também, dos ladrões, protetor dos viajantes e, ao mesmo tempo, dos salteadores de estrada, não é sem motivo que ele é chamado "duplex", ou seja, "o de dupla natureza", macho e fêmea, ativo e passivo, visível e invisível, Sol e Lua, céu e terra, mãe e pai, velho e jovem, forte e fraco, etc. Esta natureza dual se encontra vigorosamente sugerida pelo seu símbolo Tradicional, o Caduceu - e que é, também, o símbolo da Medicina e da Sagrada Arte de Curar. O Caduceu era composto, originalmente, por duas serpentes enroladas ao redor de um bastão [ver Nota 1, abaixo], representando, desta forma, a harmonia (união) e a complementaridade dos opostos - as duas serpentes eram macho e fêmea, opostas assim em sua natureza, mas complementares em se considerando o gênero. Ora, um dos Títulos mais antigos deste Arcano é justamente o francês "Le Bateleur", e que significa "o portador do bastão".


O Tarot de Marselha - acima representado - mostra um indivíduo trazendo na sua mão direita uma moeda e, na sua mão esquerda, uma varinha ou um bastão. Diante dele está uma mesa e, sobre esta, os apetrechos de típicos de um prestidigitador de rua: podem-se discernir ali, sem grande dificuldade, um par de dados, algumas bolas, dois copos, uma pequena faca colocada ao lado do que parece ser a sua bainha, e, em um extremo da mesa, vê-se o que poderia ser um pequeno fogareiro. A expressão facial e corporal deste personagem sugere que ele está prestes a realizar algum "truque", para o deleite e assombro de uma platéia invisível para nós.

Um outro Título antigo - e menos conhecido - deste Arcano é o francês "Le Mage" - e que corresponde ao inglês "The Magician" e ao italiano "Il Mago". Em português, existe uma distinção entre as palavras "magia" - que é tida como "de verdade" porquê tem implicações "sobrenaturais" - e "mágica" - que é considerada como sendo "de mentira" ou "falsa" porquê possui uma explicação "natural" -, no entanto, devemos reparar aqui que tal diferenciação simplesmente não existe em diversos outros idiomas - em inglês, por exemplo, a palavra "magic" exprime ambos os conceitos simultaneamente. É justamente esta dualidade - que nos remete diretamente à correspondência astrológica deste Arcano - que encontramos presente no Tarot de Marselha: O Mago é aqui, tanto o "embusteiro" comum quanto o detentor de "segredos", alternando uma e outra máscara conforme a ocasião. De fato, uma das origens propostas para a palavra Magia é o sânscrito MAYA, e que significa "ilusão". O que muda, apenas é o "nível" em que a ilusão é processada: se a nível físico [ver Nota 2], ele é um Mágico; se a nível outro que não o físico, um Mago.

No processo de evolução histórica do Tarot, houve, a partir do final do século XIX, um grande esforço para "remover" de O Mago o seu aspecto de "embusteiro". Desta maneira, para citar apenas um exemplo, os objetos dispostos sobre a mesa do Mago foram modificados de forma a representarem os quatro naipes do Tarot e/ou as quatros armas mágicas simbólicas. Assim, a baqueta ou varinha passou a ser vista como uma figuração do naipe de paus assim como da baqueta mágica; a moeda, do naipe de ouros e da arma pantáculo; os copos, do naipe de copas e da arma taça; e, a faca, de do naipe de espadas e da arma de mesmo nome - é desta forma que este Arcano aparece retratado no Tarot de Papus (1909), de Waite (1910), de Wirth (1927), bem como em diversos outros Tarots subseqüentes. Também a postura do Mago foi particularmente alvo de uma "correção" nas verões modernas deste Trunfo, desaparecendo o seu aspecto algo "tortuoso" original - desta forma, O Mago de Papus, por exemplo, parece quase que hipnotizado pela ponta de sua varinha, tão decididamente ele a encara. Esta tendência também se encontra notavelmente presente no Tarot de Waite, que estudaremos a seguir.


No Tarot de Waite (acima), a figura de O Mago é luminosa, clara, brilhante: não existe ali nenhum indício, por menor que seja, daquele saltimbanco visto no Tarot de Marselha. O Mago de Waite segura um bastão com a mão direita, que está dirigido para cima, para o Alto: ele parece invocar a energia das esferas superiores para, desta forma, dirigir magicamente o crescimento das plantas situadas abaixo dele. O significado implícito aqui é o de um domínio do "inferior" - a natureza representada pelas plantas - pelo "superior" - o ser humano [ver Nota 3]. Isto se encontra reforçado, inclusive, por diversos outros símbolos presentes nesta Lâmina. Note-se, por exemplo, que a mesa que contém as armas está colocada de maneira a ocultar, parcialmente, a metade inferior do corpo do Mago - e, especialmente, a sua região genital. Isto eqüivale a dizer, em termos simbólicos, que a sexualidade de O Mago - a energia selvagem da natureza em nós - se encontra totalmente sublimada em energia intelectual - o que é sugerido pelo símbolo do infinito pairando sobre a sua cabeça. Todo o fluxo de energia desta carta se encontra, portanto, organizada sob a forma de relações hierárquicas descendentes - o "alto" dominando o "baixo", o intelecto dominando o instinto, etc. [4] relacionadas, apenas à dimensão "vertical" deste Arcano, mas não à sua integralidade.

NOTAS:

[1] Muitas versões modernas exibem apenas uma única serpente, o que pode ser interpretado, do ponto-de-vista simbólico como o sinal de uma certa polarização característica das Sociedades modernas.
[2] Isto é, que participa da "natureza" ou PHYSIS, termo grego da qual a palavra "físico (a)" tem a sua origem.
[3] As plantas vistas na Lâmina de Waite podem também representar, a um certo nível, os aspectos "vegetativos", autonômicas, da natureza humana. É assim que o controle de determinadas funções fisiológicas do corpo - batimentos cardíacos, respiração, tônus muscular e até mesmo determinados fenômenos da peristalse - podem ser considerados como "magia" pelo observador desavisado.
[4] Isto eqüivale a dizer, cabalisticamente, que esta Lâmina representa apenas o Pilar descendente da Árvore da Vida e, de fato, sobre única perna visível da mesa - e que, de certa forma, "substitui" a perna do personagem-título - podemos ver escrita a palavra hebraica DIN - um outro nome para a esfera de Geburah, que encabeça este Pilar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Indiana Jones e a Caveira de Cristal

*** AVISO: Este texto contém Spoilers, informações acerca do Filme aqui debatido que poderão empobrecer a experiência de assisti-lo. Se você ainda não viu Indiana Jones e a Caveira de Cristal, recomendo que adie a leitura deste post até já tê-lo visto. ***

Assisti esses dias, no Telecine Premium, Indiana Jones e a Caveira de Cristal, que representa o quarto capítulo para os cinemas da saga do arqueólogo/aventureiro. Digo “para os cinemas” por que excluo neste post as outras manifestações da saga para TV, quadrinhos e games. Esta aventura se distingue das três anteriores, em primeiro lugar, por reunir uma quantidade muito superior de referências a temas que poderiam ser classificados como de interesse esotérico/oculto. Num único filme fala-se das Experiências Soviéticas visando a o Desenvolvimento da Paranormalidade (e o seu uso na Espionagem), do Caso Roswell, das Linhas de Nazca, de sua própria versão turbinada de “Eram os Deuses Astronautas”, sem falar da Caveira de Cristal do Título. Os outros filmes da série concentravam-se no máximo em um ou dois temas de interesse. O primeiro filme focou basicamente na Arca “Perdida” da Aliança; o segundo, no Culto a Khali; o terceiro, na mitologia do Graal, com esparsas referências aos Templários. O quarto e mais recente filme tem de tudo um pouco – talvez como forma de contentar a diversos perfis de público – porém nitidamente com uma tendência mais cientificista que os anteriores. A narrativa é estruturada de uma forma bastante agradável, com pequenos “arcos” de história bem delimitados que se interconectam formando o filme – esquema semelhante – se não me falha a memória – ao utilizado no primeiro filme. Alguns inverossímeis – como, por exemplo, o ator Shia Le Bouf balançando nas árvores como Tarzan e sendo ajudado por macacos (!) – não chegam a estragar a experiência de diversão que o filme oferece, pois o filme não me pareceu mais que isto: pura diversão e entretenimento.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Gripe: suína ou não

Aqui no Rio de Janeiro todo mundo que conheço - todo mundo MESMO - desenvolveu sintomas de gripe desde a semana passada para cá. Após três meses de Jornal Nacional, Fantástico, etc. descrevendo os sintomas da "gripe suína" numa base quase que diária este acontecimento era, por assim dizer, inevitável.

Definindo Espiritualidade e Religião (3)

Comentando o post anterior:

1. Espiritualidade é de dentro para fora: a Espiritualidade é algo natural do ser humano enquanto que a Religião é sempre algo que é aprendido. Ninguém nasce Católico, Budista ou Mulçumano. Você tem que ensinar a pessoa a ser Católica, Budista ou Mulçumana. Religião é cultural. Espiritualidade é natural.

2. Espiritualidade é não-racional: a Espiritualidade não é racional em sua essência. nem pode ser abarcada pela razão. Eu sei que muitas pessoas terão dificuldade de imaginar o oposto desta proposição - a de que a Religião é algo racional. De fato, muitas pessoas vêem a Religião como sinônimo de irracionalidade e justificam este pensamento citando comportamentos que são, à primeira vista, francamente irracionais: fanatismo, intolerância, terrorismo, etc. Na realidade, todos estes comportamentos possuem alguma forma de racionalidade própria - que podem parecer sem sentido dependendo do contexto cultural do observador - mas ainda assim a possuem.

3. Espiritualidade é não-verbal: a Espiritualidade não pode ser comunicada por palavras - e é por isso se vale de parábolas, alegorias, mitos, etc. Problemas acontecem quando alguém toma a alegoria por Realidade.

4. Espiritualidade é Essência mais que Forma: Nas Religiões em geral, a grande ênfase é muito mais na forma como as coisas aconteceram/são e muito menos no que os acontecimentos significam. Jesus morreu na Cruz e não na forca – e, para qualquer adepto de uma Religião baseada no Novo Testamento, isso faz muita (toda) diferença. A Espiritualidade não se prende a eventos, uma vez que eventos existem no Tempo, que está "abaixo" daquilo que é Espiritual.

5. Espiritualidade é você co-criando a sua realidade: O que é Espiritual transcende Espaço, Tempo, Causa e Efeito, existindo num plano "acima" do que é usualment percebido como realidade. Do ponto de visão da Espiritualidade, o Universo funciona como um Blog: você decide o que é postado na sua vida. Você não cria, no entanto, a plataforma na qual você posta - neste caso o Blogger -, nem o Sistema Operacional que vc usa (Windows) nem o Browser que te permite acessar a plataforma (Firefox): você controla apenas uma parte do processo, mas uma parte significativa. Na verdade, todos os sistemas de que falamos existem apenas para que você tenha a possibilidade de ter este controle (toda a indústria de software está evoluindo no sentido de dar mais escolhas para o usuário). O problema como livros como "O Segredo" - ou, antes dele, da vasta literatura de auto-ajuda e pensamento positivo - é considerar que você cria e controla TODO o processo - o que não é bem verdade. Falaremos mais disso em outro post. Por ora, vamos apenas frisar que do ponto de vista da Espiritualidade a realidade é colaborativa: do ponto de vista das Religiões em geral, a realidade é visto como algo que é criado independentemente de você: é algo que muitas vezes é criado "pronto" e em um período de tempo muito curto (seis dias na tradição judaico-cristã) como mínima ou nula interferência do ser humano.

6. A Espiritualidade é o Oceano: A Religião é uma Onda.

Dúvidas alguém? Não? Então passemos ao próximo post.

Definindo Espiritualidade e Religião (2)

Espiritualidade é:

- De dentro para fora
- Não-racional
- Não-verbal
- Essência mais que Forma
- Você co-criando a sua realidade
- O Oceano

Religião é:

- De fora para dentro
- Racional
- Verbal
- Forma mais que Essência
- Você se ajustando à realidade
- Uma Onda

Falaremos mais nos próximos posts.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Definindo Espiritualidade e Religião (1)

Achei interessante postar sobre o que eu entendo por espiritualidade e o que eu entendo por religião, uma vez que estes dois assuntos se encontram incluidos na proposta deste Blog. Antes de mais nada, quero deixar bem claro que estou postando aqui o que eu entendo por espiritualidade e o que eu entendo sobre religião. Nada mais. Estas definições são válidas apenas e exclusivamente para o efeito deste Blog. Nada mais.

Entendo que um Blog é, antes de mais nada, um diálogo, uma conversa entre o autor - ou autores, no caso de Blogs coletivos - dos posts que compõe o Blog e os leitores. Este diálogo fica, evidentemente, facilitado, se todos os envolvidos tiverem conhecimento do contexto daquilo que está ali sendo tratado.

Antes de falar propriamente da definição de espiritualidade e de religião que iremos utilizar neste Blog vale definir o que entendemos pelo termo "definição".

Definir vem do latim de finis, que significa "dar um fim" - "fim', aqui, dando uma idéia de "limite", de "finalidade" e "contexto". Definimos "algo" quando queremos dar um "limite" para aquele "algo". Isto geralmente acontece quando aquele "algo" - uma palavra, um conceito ou uma idéia - é de tal natureza que se não fosse "definido" ou "limitado" poderia gerar confusão. Quando, portanto, definimos "algo" no começo de uma conversa - e, como falamos acima, este Blog é para todos os efeitos uma conversa minha com vocês leitores - fazemos isto para que todos os envolvidos naquela conversa entendam como aquela palavra, conceito ou idéia está sendo ali utilizada - o que nos leva á idéia de "contexto", que também se encontra implícito no ato de definir. Definir também é isto: é dar um "contexto" para um "algo", dentro do qual este passará a fazer sentido.

Uma última coisa a se dizer (por enquanto) sobre definição é isto: uma definição está diretamente ligada a uma "finalidade" ou '"uso". Isto significa que uma definição possui uma natureza eminentemente prática. É importante ter bem claro na mente que definições não são a Realidade: são ferramentas para se aproximar da Realidade. Se a definição deixar de "funcionar", Justificaristo é, se deixar de cumprir o seu papel de nos aproximar da Realidade, geralmente é mais fácil mudar a definição - e não a Realidade. Um erro muito comum entre as pessoas que se propõe a trilhar um Caminho Espiritual é tomar "definições" - palavras, conceitos ou idéias - por Realidade. Voltaremos a falar sobre isto nos posts seguintes, nos quais trataremos das definições de espiritualidade e de religião que trabalharemos neste Blog.

Espiritualidade, Religião Alternativa e Sabedoria Secreta na Web.

Este é um Blog sobre Espiritualidade, Religião Alternativa, Sabedoria Secreta e outros assuntos similares que a moderna Sociedade de Consumo parece ter se decidido a ignorar. Não sou um Problogger - para dizer a verdade, nunca tinha postado nada até hoje - e, por isso, estarei aprendendo sobre o Blog enquanto Ferramenta a medida que os posts forem acontecendo. Este Blog não se pretende a "pregar verdades" - pois me parece que de "pregadores de verdades" o mundo já está cheio e uma a mais não faria qualquer diferença - mas sim convidar os leitores a refletir sobre pontos de vista diferentes do convencional. Com isso não pretendemos causar polêmica ou melindres - que são sempre extraordinariamente cansativos - mas sim fornecer um espaço para temas que não me parecem estar disponíveis com facilidade na web. Muitos dos sites e blogs que tenho visto sobre temas afins como: Hermetismo, Sociedades Secretas, Magia, Esoterismo, etc. não abordam o assunto de uma forma, ao meu ver, suficientemente interessante ou abrangente. Este Blog se propõe, em parte, a suprir esta lacuna. Como todo blog - ou, pelo menos, como eu acredito que seja em todo Blog - este também é uma construção - de certa forma - coletiva, dependendo, em grande parte da interação dos leitores para o seu crescimento. Por isso, estarei aguardando o comentário e o feedback de vocês sobre os assuntos aqui postados. Dito isto, podemos começar...