Em minhas andanças na Internet achei a abertura (abaixo) do extinto seriado Carnivàle, produzido pela HBO nos anos de 2003 e 2005. Eu, que sou o orgulhoso possuidor do Box do primeiro ano da série, não pude deixar de reproduzi-la aqui neste post.
Nesta belíssima seqüência de abertura, os Arquétipos do Tarot aparecem como pano de fundo dos acontecimentos históricos do período da série – anos 30, logo após o crash da Bolsa de 1929 e no auge da Grande Depressão. O contexto sócio-econômico do mundo da época também se encontra aqui bem representado: longas filas de desempregados, movimentos políticos hostis a minorias (aqui representados pela Klu Klux Klan e pelo facismo), líderes carismáticos (como Stalin e Mussolini). Dois momentos marcantes para mim são: a criancinha vestida com o uniforme do Klan e o casal de dançarinos.
Os Arcanos do Tarot representam aqui as forças que moldam o destino das massas sem o seu conhecimento. O término da abertura mostra a seqüência de cartas: O Julgamento (Arcano XX), A Lua (Arcano XVIII) e O Sol (Arcano XIX), representando, no espírito da série, a decisão – ou Julgamento – que deve ser tomado pelos personagens principais – e que representam as decisões da raça humana como um todo – entre o caminho da Magia e da Intuição – o Caminho da Lua – e o Caminho da Ciência e da Razão – o Caminho do Sol. Isto se encontra perfeitamente exposto na introdução ao primeiro episódio, narrada pelo anão Samson:
"Antes do início, depois da grande guerra entre o Céu e o Inferno, Deus criou a Terra e a entregou ao engenhoso macaco chamado homem. E a cada geração nascia uma criatura de luz e uma criatura de trevas. E grandes exércitos se enfrentavam noite afora na antiga guerra entre o bem e o mal. Era um tempo de magia. Nobreza. E inimaginável crueldade. E foi assim até o dia em que um falso sol explodiu sobre a Trindade (Trinity), e o homem trocou para sempre a maravilha pela razão.
O “falso sol” é uma alusão à explosão-teste da Bomba Atômica em Trinity em 1945. Este é mais um indicativo de que a série, originalmente, deveria cobrir um período maior de tempo – pelo menos de 1934 a 1945 – sendo que o cancelamento prematuro (por falta de audiência) limitou o arco de histórias.
A "mitologia" da série gira em torno da trajetória do jovem Ben Hawkins que se une a um circo intinerante (o Carnivàle do título) - a princípio como um simples faz-tudo. Logo no primeiro episódio descobrimos que este possui o dom de curar. Isto, no entanto não acontece sem um preço: para cada quantidade de "vida" devolvida a uma pessoa, uma quantidade igual de "vida" é roubada dos que estão à sua volta - de forma a manter o equilíbrio no Cosmo. No decorrer da série fica bem claro que o dom dar "vida" é também o dom de tirar a "vida" - ou seja, de matar - sendo meramente dois lados de uma mesma moeda. Isto por si só já é muito interessante e mexe com a cabeça da gente. A série acompanha também a vida do Pastor Justin Crow que possui também o seu quinhão de dons incomuns. Ficamos sabendo, no decorrer dos episódios, que um deles é a encarnação da "luz" e o outro a encarnação das "trevas", embora no início não fique muito claro qual é qual. Não vou dizer aqui para não estragar a surpresa. Junte isso com uma trama que envolve anões e mulheres barbadas, cavaleiros templários e muita, muita, muita referência religiosa e o resultado é diversão de alto nível.
Meu episódio favorito da Primeira Temporada: Babylon (5o epiódio)
Conexão com o Tarot: Arcano XI
Meu episódio favorito da Segunda Temporada: New Canaan (series finale)
Conexão com o Tarot: Arcano II
Post-scriptum: Uma coisa que eu particularmente adoro nesta série é a magnífica reconstituição de época: outro espetáculo a parte. Todo lugar é quente. Todo lugar é sujo. A poeira é quase um personagem fixo da série. Tudo perpassa um ar do mais absoluto desespero.
Nesta belíssima seqüência de abertura, os Arquétipos do Tarot aparecem como pano de fundo dos acontecimentos históricos do período da série – anos 30, logo após o crash da Bolsa de 1929 e no auge da Grande Depressão. O contexto sócio-econômico do mundo da época também se encontra aqui bem representado: longas filas de desempregados, movimentos políticos hostis a minorias (aqui representados pela Klu Klux Klan e pelo facismo), líderes carismáticos (como Stalin e Mussolini). Dois momentos marcantes para mim são: a criancinha vestida com o uniforme do Klan e o casal de dançarinos.
Os Arcanos do Tarot representam aqui as forças que moldam o destino das massas sem o seu conhecimento. O término da abertura mostra a seqüência de cartas: O Julgamento (Arcano XX), A Lua (Arcano XVIII) e O Sol (Arcano XIX), representando, no espírito da série, a decisão – ou Julgamento – que deve ser tomado pelos personagens principais – e que representam as decisões da raça humana como um todo – entre o caminho da Magia e da Intuição – o Caminho da Lua – e o Caminho da Ciência e da Razão – o Caminho do Sol. Isto se encontra perfeitamente exposto na introdução ao primeiro episódio, narrada pelo anão Samson:
"Antes do início, depois da grande guerra entre o Céu e o Inferno, Deus criou a Terra e a entregou ao engenhoso macaco chamado homem. E a cada geração nascia uma criatura de luz e uma criatura de trevas. E grandes exércitos se enfrentavam noite afora na antiga guerra entre o bem e o mal. Era um tempo de magia. Nobreza. E inimaginável crueldade. E foi assim até o dia em que um falso sol explodiu sobre a Trindade (Trinity), e o homem trocou para sempre a maravilha pela razão.
O “falso sol” é uma alusão à explosão-teste da Bomba Atômica em Trinity em 1945. Este é mais um indicativo de que a série, originalmente, deveria cobrir um período maior de tempo – pelo menos de 1934 a 1945 – sendo que o cancelamento prematuro (por falta de audiência) limitou o arco de histórias.
*** ATENÇÃO: Spoliers adiante !!!!!!!!!!!!!!! ***
A "mitologia" da série gira em torno da trajetória do jovem Ben Hawkins que se une a um circo intinerante (o Carnivàle do título) - a princípio como um simples faz-tudo. Logo no primeiro episódio descobrimos que este possui o dom de curar. Isto, no entanto não acontece sem um preço: para cada quantidade de "vida" devolvida a uma pessoa, uma quantidade igual de "vida" é roubada dos que estão à sua volta - de forma a manter o equilíbrio no Cosmo. No decorrer da série fica bem claro que o dom dar "vida" é também o dom de tirar a "vida" - ou seja, de matar - sendo meramente dois lados de uma mesma moeda. Isto por si só já é muito interessante e mexe com a cabeça da gente. A série acompanha também a vida do Pastor Justin Crow que possui também o seu quinhão de dons incomuns. Ficamos sabendo, no decorrer dos episódios, que um deles é a encarnação da "luz" e o outro a encarnação das "trevas", embora no início não fique muito claro qual é qual. Não vou dizer aqui para não estragar a surpresa. Junte isso com uma trama que envolve anões e mulheres barbadas, cavaleiros templários e muita, muita, muita referência religiosa e o resultado é diversão de alto nível.
Meu episódio favorito da Primeira Temporada: Babylon (5o epiódio)
Conexão com o Tarot: Arcano XI
Meu episódio favorito da Segunda Temporada: New Canaan (series finale)
Conexão com o Tarot: Arcano II
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